Polícia Civil pede prisão preventiva de pastor investigado por abusos sexuais de fiéis
20/05/2025
(Foto: Reprodução) Ao menos sete mulheres denunciaram Marco Aurélio da Silva Aires, de 51 anos. Ele presidia a Igreja Pentecostal Gideões de Fogo da Última Hora do bairro Jardim Vitória, em Belo Horizonte, e renunciou ao cargo após a repercussão dos casos. Polícia pede prisão de pastor denunciado por abuso sexual
A Polícia Civil de Minas Gerais pediu a prisão preventiva do pastor Marco Aurélio da Silva Aires, de 51 anos. Ele é investigado por abusos sexuais de fiéis.
O líder religioso presidia a Igreja Pentecostal Gideões de Fogo da Última Hora do bairro Jardim Vitória, na Região Nordeste de Belo Horizonte, e renunciou ao cargo após a repercussão dos casos. Ao menos sete vítimas foram à delegacia para relatar os crimes (leia mais abaixo).
Ele foi procurado pela TV Globo e pelo g1 para um posicionamento, mas não atendeu às ligações.
Uso da palavra de Deus
A Polícia Civil enviou sete inquéritos contra o pastor à Justiça, nesta segunda-feira (19), por estupro, violação sexual mediante fraude e importunação sexual. Os crimes teriam ocorrido entre 2003 e 2023, com mulheres que têm entre 31 e 50 anos atualmente.
"Em todos os casos, ele agia com um modo de execução muito semelhante, enganando as vítimas. Esse pastor se utilizava da palavra de Deus, cometia esses atos nas dependências da igreja, antes ou após os cultos e durante momentos de oração", detalhou a delegada Larissa Mascotte.
Segundo a instituição, o homem citava versículos bíblicos durante os abusos, dizia ser um "ungido de Deus" e afirmava que as vítimas não poderiam se opor a ele, sob pena de serem amaldiçoadas.
"Ele tinha uma estratégia para se manter impune durante todo esse tempo, que era colocar as vítimas uma contra as outras. Ele criava uma inimizade entre elas para que uma não contasse do abuso para a outra e também para que, caso uma denunciasse, para que ninguém acreditasse", completou Mascotte.
Conforme a delegada, Marco Aurélio da Silva Aires foi intimado a prestar depoimento ao longo das investigações, mas apresentou uma manifestação alegando que estava doente e se reservaria o direito de permanecer em silêncio.
O pedido de prisão preventiva — medida cautelar que restringe a liberdade de uma pessoa durante o processo criminal, antes da condenação — será analisado pela Justiça.
Relatos de violência
"Eu indagava a Deus, será que ele fazia só comigo? Foi um momento de fraqueza que o servo de Deus teve, mas deve ser que ele não faz com mais ninguém". Com essas palavras, uma das mulheres que buscaram a Polícia Civil para denunciar o pastor relembrou os supostos abusos cometidos por ele.
As vítimas disseram que os crimes teriam começado depois que o homem conquistou a confiança das frequentadoras dos cultos. Ao menos sete mulheres foram à Delegacia Especializada de Combate à Violência Sexual buscar amparo.
"Ele falava que eu não precisava ficar assustada, que ele fazia tudo aquilo direcionado por Deus", disse uma das vítimas, que pediu para não ter a identidade revelada.
De acordo com as denúncias, algumas violências ocorreram há mais de 15 anos. De lá para cá, o pastor teria feito ameaças e usado a fé de forma indevida, como a citação de passagens da Bíblia, para que as fiéis ficassem com medo e permanecessem caladas.
"Ali eu era convertida, né?! Eu não tinha noção da vida ainda e tudo que era falado para mim eu acreditava", contou uma das mulheres. "Falava também que, se levantasse contra um ungido de Deus, a gente ia pagar por isso", relatou outra.
Polícia investiga pastor suspeito de abusar de fiéis em BH
Reprodução/TV Globo
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